sexta-feira, 13 de março de 2015

Uma carta sobre o dia 15/03

Na quarta-feira, o jornal “A notícia” publicou uma reportagem sobre a manifestação do dia 15 de março. Na ocasião, uma fotografia de um ato chamado pelo MPL foi utilizada. No meu ponto de vista foi um erro o uso da fotografia, assim como de outros/as leitores/as. Depois das críticas a fotografia foi retirada da publicação. 

Eu realizei contatos telefônicos com a editora Marina Andrade, da redação do AN, que abriu o espaço para publicação de um artigo, mas depois o convite foi para publicação em formato em carta. A carta foi publicada no jornal impresso de hoje, 13/03, e no site do jornal (leia aqui).

Não vou para a manifestação do dia 15 de março

No dia 11/3/2015, o site do “A Notícia” publicou reportagem sobre a manifestação do dia 15 de março, que é apoiada pela Acij, pelos partidos políticos derrotados na eleição de 2014 e por setores conservadores como defensores da volta dos militares ao poder. A reportagem trazia uma fotografia da manifestação do dia 26/6/2013, organizada pelo Movimento Passe Livre (MPL) e que contava com a chamada “Vamos mudar começando pela tarifa zero: construir um transporte público, gratuito e de qualidade”. Dois eventos distintos, tanto na pauta quanto nas suas origens.

Nas redes sociais, diferentes vozes questionaram o uso da fotografia. Afinal, golpe, intervenção ou luta contra a corrupção são temas distintos de um transporte coletivo realmente público e para todos e todas. Isso não significa que as vozes que cito são favoráveis a Dilma, Colombo, Tebaldi, Darci, Carlito ou Udo. Pelo contrário, são vozes de homens e mulheres que atuam cotidianamente para além das redes sociais. Dedicam as suas vidas para construir outro mundo, onde a liberdade e igualdade são o norte para realização de uma cidade baseada na justiça e nos direitos humanos.

A manifestação agendada para o domingo não pretende avançar rumo ao mundo que almejamos, pretende trocar o governo A pelo B. Também não compreende que a corrupção está no cerne da existência do Estado e do capitalismo. Afinal, como já escreveram vários anarquistas, o capitalismo e o Estado são irmãos que nasceram no mesmo contexto e com os mesmos objetivos.

Em Joinville, temos exemplos claros de que a manifestação do dia 15/3 não levanta bandeiras de luta como os 24 processos movimentados pelas empresas de transporte coletivo contra o MPL e o processo administrativo que o governador Colombo move contra militante sindical da educação; assim como a crescente criminalização da luta por justiça social e a retirada de direitos dos trabalhadores, inclusive pelo governo federal. Por isso, afirmo que nossa luta é organizada diariamente nos locais de trabalho, estudo, moradia e lazer com os/as de baixo e à esquerda.

Maikon Jean Duarte, professor de história e membro do Centro dos Direitos Humanos Maria da Graça Bráz


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