sábado, 28 de março de 2015

Comentários sobre "A Internacional", de Benoît Malon

“Queremos nossa libertação integral e só contamos conosco para obtê-la; eis por que, em vez de seguir bajuladores do povo, sempre impotentes e amiúde traidores tão logo o sufrágio levou-os ao poder, só vemos política verdadeira na propaganda das ideias de solidariedade entre todos os trabalhadores e da necessidade de agrupar federativamente todas as forças proletárias, impotante enquanto permanecerem isoladas.”  
Benoît Malon (na página 52)

O sindicalismo governista e institucionalizado deixou no esquecimento as memórias e as histórias da classe trabalhadora. As oposições sindicais ao sindicalismo dominante pouco tem adesão das bases e do acúmulo das conquistas, derrotas e debates da história de luta. Estas considerações surgiram com a leitura do livro “A Internacional: sua história e seus princípios”, do escritor e militante internacionalista Benoît Malon (1841-1893).

A obra memorialística era inédita nos círculos sindicais e libertários brasileiros, mesmo datando originalmente da segunda metade do século XIX. A apresentação do livro é escrita pelo historiador Alexandre Samis, que traça a trajetória do francês Malon, que dedicou sua vida simples e operária a luta, como muitos filiados a Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT, Iª Internacional), fundada em 1864.

O autor está não busca escrever a história definitiva da Associação Internacional dos Trabalhadores. O autor apresenta pluralidade de linhas políticas na AIT. Outro ponto é a rápida apresentação das características regionais que cada secção filiada e as linhas políticas influentes em determinadas regiões. Diversidade que produziam elementos para distintas interpretações da realidade, táticas e ações em defesa da classe operária. Malon, não se prepõe a debater a cisão e o racha entre o grupo formado por centralizadores e os coletivistas, o primeiro alimentaram a linha autoritária, o segundo a tendência autonomista e libertária.

No contexto atual com as entidades sindicais viciadas. Muitas não representam a cultura política formadas na AIT. O que  torna-se fundamental pensar e construir um novo sindicalismo pautado na perspectiva classista, combativa e de base, onde a defesa e a luta da classe operária caibam o máximo de irmãos e irmãs dominadas para realização de um mundo baseado na justiça social, liberdade e igualdade.

A Internacional: sua história e seus princípios. Benoît Malon. Editora Imaginário e Instituto de Estudos Libertários. São Paulo, setembro de 2014.


Nenhum comentário:

Postar um comentário