quarta-feira, 8 de abril de 2015

Sobre a Onda Dura e o Teatro

Eu tenho de fazer uma autocrítica sobre comentário direcionado a Onda Dura e a AJOTE (Associação Joinvilense de Teatro). Eu escrevi uma mensagem curta e grossa sobre a apresentação da peça “Eu vou lutar”, da companhia de teatro da Igreja Onda Dura, no Galpão de Teatro da AJOTE. Eu pouco argumentei, o que motiva uma visão reducionista e de pouco diálogo.

Outra questão fundamental para apontar. Ao contrário de muitas postagens críticas a Onda Dura, os meus comentários não são ataques às pessoas que frequentam a denominação religiosa. Eu não questiono a busca espiritual de cada um, menos ainda vou zombar dos símbolos ou ações da Onda Dura. Por exemplo, o ato de carregar a cruz. Eu não faço coro com as “piadas” publicadas nas redes sociais, inclusive por pessoas identificadas com os temas dos direitos humanos. Afinal, a liberdade religiosa tem que ser garantida. Porém, respeitar a liberdade não significa fechar os olhos para os efeitos das práticas religiosas na sociedade.

Ontem (07/04), circulou a divulgação nas redes sociais da programação do Galpão de teatro da Ajote. O meu estranhamento foi encontrar a peça “Eu vou lutar”, da Onda Dura, na programação. Eu não sou associado da AJOTE, mas sou um frequentador e entusiasta do papel político e artístico que a AJOTE pode exercer na cidade. Por isso, apresento os meus questionamentos contrários ou favoráveis. Se a AJOTE vive a cidade, precisa dialogar e ouvir o que positivo e o que é negativo.

No meu ponto de vista é um erro abrir espaço para uma manifestação religiosa no espaço público do teatro. É contraditório. O teatro não tem espaço na cidade, a Onda Dura tem uma grande sede. O teatro não tem dinheiro para sua produção independente e autoral, a Onda Dura tem dinheiro. O teatro é um espaço de questionamento dos valores morais, éticos, políticos, sociais e religiosos, a Onda Dura não defende os direitos das mulheres e os temas dos direitos LGBT.

A Onda Dura não pode fazer teatro? É claro que pode. O problema é que o uso de diferentes linguagens artísticas pela Onda Dura interfere na cultura dos direitos humanos, como os direitos das mulheres e LGBT. A Onda Dura tem por hábito chegar de leve, de mansinho. Foi assim na arte de rua, na música e na dança. Hoje, é um problemão debater assuntos pertinentes aos direitos humanos nas linguagens artísticas citadas.  

É um debate político necessário e urgente, não é um ataque pessoal! A hora é agora, abrimos os nossos corações, ouvidos e bocas para pensar os rumos da cidade ou continuaremos votado em político X ou Y, respondendo as necessidades da ACIJ ou CDL e ao conservadorismo defendido pelas lideranças religiosas.


Amor e rebeldia!

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