Eu tenho de fazer uma autocrítica sobre
comentário direcionado a Onda Dura e a AJOTE (Associação Joinvilense de Teatro). Eu
escrevi uma mensagem curta e grossa sobre a apresentação da peça “Eu vou
lutar”, da companhia de teatro da Igreja Onda Dura, no Galpão de Teatro da
AJOTE. Eu pouco argumentei, o que motiva uma visão reducionista e de pouco
diálogo.
Outra questão fundamental para apontar.
Ao contrário de muitas postagens críticas a Onda Dura, os meus comentários não
são ataques às pessoas que frequentam a denominação religiosa. Eu não questiono
a busca espiritual de cada um, menos ainda vou zombar dos símbolos ou ações da
Onda Dura. Por exemplo, o ato de carregar a cruz. Eu não faço coro com as
“piadas” publicadas nas redes sociais, inclusive por pessoas identificadas com
os temas dos direitos humanos. Afinal, a liberdade religiosa tem que ser
garantida. Porém, respeitar a liberdade não significa fechar os olhos para os
efeitos das práticas religiosas na sociedade.
Ontem (07/04), circulou a divulgação nas
redes sociais da programação do Galpão de teatro da Ajote. O meu estranhamento
foi encontrar a peça “Eu vou lutar”, da Onda Dura, na programação. Eu não sou
associado da AJOTE, mas sou um frequentador e entusiasta do papel político e
artístico que a AJOTE pode exercer na cidade. Por isso, apresento os meus
questionamentos contrários ou favoráveis. Se a AJOTE vive a cidade, precisa dialogar
e ouvir o que positivo e o que é negativo.
No meu ponto de vista é um erro
abrir espaço para uma manifestação religiosa no espaço público do teatro. É
contraditório. O teatro não tem espaço na cidade, a Onda Dura tem uma grande
sede. O teatro não tem dinheiro para sua produção independente e autoral, a
Onda Dura tem dinheiro. O teatro é um espaço de questionamento dos valores
morais, éticos, políticos, sociais e religiosos, a Onda Dura não defende os
direitos das mulheres e os temas dos direitos LGBT.
A Onda Dura não pode fazer teatro?
É claro que pode. O problema é que o uso de diferentes linguagens artísticas
pela Onda Dura interfere na cultura dos direitos humanos, como os direitos das
mulheres e LGBT. A Onda Dura tem por hábito chegar de leve, de mansinho. Foi
assim na arte de rua, na música e na dança. Hoje, é um problemão debater
assuntos pertinentes aos direitos humanos nas linguagens artísticas citadas.
É um debate político necessário e
urgente, não é um ataque pessoal! A hora é agora, abrimos os nossos corações, ouvidos
e bocas para pensar os rumos da cidade ou continuaremos votado em político X ou
Y, respondendo as necessidades da ACIJ ou CDL e ao conservadorismo defendido
pelas lideranças religiosas.
Amor e rebeldia!
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